Biodiversidade com ou sem valor?
O(s) Valor(es) da biodiversidade de acordo com os autores Young e Barbier:
Valor de Uso | Valor de Não-Uso | |||||
Directo | Indirecto | de Opção | de Existência | |||
Significado | Os Bens e os serviços ambientais são usados directamente da exploração do recurso e consumidos hoje. | Bens e serviços ambientais que são gerados a partir de funções realizadas pelos ecossistemas e que podem ser apropriados e utilizados indirectamente hoje. | Bens e serviços ambientais de usos directos e indirectos a serem apropriados e consumidos no futuro. Estes usos podem ser desconhecidos na actualidade. | Valor não associado ao uso actual ou futuro e que reflecte questões morais, culturais, éticas ou altruísticas | ||
Exemplos | madeiras, fibras, caça, alimentos e nutrientes, medicamentos, recursos genéticos, turismo. | controlo de pragas agrícolas por predadores e parasitas naturais, decomposição e reciclagem da matéria orgânica e a consequente manutenção da fertilidade do solo pelos seres vivos, purificação natural do ar e da água, protecção contra a erosão dos solos, inundações e tempestades. | preservação de valores de uso directo e indirecto. | plantas e animais como objectos de valor intrínseco, como uma doação, um presente para os outros, uma responsabilidade. |
A inventariação da totalidade dos bens e serviços provenientes da diversidade biológica em categorias de valor económico permite que, ao analisarmos duas alternativas de uso para o mesmo espaço, estejamos a ter em consideração todos os proveitos daí resultantes. No entanto, a quantificação dos valores de não uso dificultam a avaliação. Numa tentativa de ultrapassar esta dificuldade vários métodos têm sido enunciados para estimar os valores de não uso e de uso. Um deles é o do valor de substituição. Por exemplo, sabendo que os pinhais da zona litoral centro de Portugal asseguram a fixação das areias e protegem dos ventos salgados, este método propõe que o valor a encontrar seja dado pelo que teríamos de despender na construção de uma estrutura que oferecesse os mesmos benefícios.
Outro dos métodos utilizados consiste em questionar o público sobre o valor que estaria disposto a pagar por um determinado recurso - método do valor de contingência. Quando o actual Primeiro ministro, José Sócrates, era Ministro do Ambiente, estabeleceu que ao preço de cada carro novo fosse adicionado o valor de 1 euro por pneu, com o objectivo de incentivar a reciclagem de pneus e assim diminuir o uso da borracha. Outro caso concreto da aplicação destas metodologias permitiu avaliar que a manutenção da floresta tropical de Korup, nos Camarões, era económica e ecologicamente mais vantajosa que a sua transformação em explorações agrícolas.
A avaliação e a conservação da natureza, especialmente nas regiões menos desenvolvidas, enfrentam ainda o problema das disparidades entre custos e benefícios. Assim, ao pedirmos a um proprietário para conservar um dado habitat, mantendo um determinado uso do solo, em detrimento de outro economicamente mais rentável, estamos a pedir-lhe para arcar com os custos da conservação, enquanto nós, sociedade em geral, receberemos os benefícios.
Uma tentativa de contrariar esta disparidade tem vindo a ser feita na Europa Comunitária, através das medidas agro-ambientais. Considerada como importante para o desenvolvimento rural e para a fixação das populações, a agricultura tem beneficiado de apoios sempre que as suas práticas sejam ecologicamente benéficas para a conservação de um ecossistema. Exemplo disso é o Plano Zonal de Castro Verde, onde, com o objectivo de preservar a avifauna da região, os agricultores recebem importantes incentivos financeiros em troca da manutenção de um sistema cerealífero extensivo, longos pousios e com o recurso a quantidades mínimas de agro-químicos.
Actualmente, o valor da biodiversidade não reside apenas na beleza de uma paisagem ou na manutenção de espécies em vias de extinção, mas no facto da nossa sobrevivência neste planeta depender da sua conservação. Este deve ser um objectivo a alcançar pela sociedade e não simplesmente a quimera de alguns sonhadores.
Interessante!?:
http://www.angra.uac.pt/GEVA/WEBGEVA/REDENATURA2000/ppts/taxa%20de%20C%C3%A2mbio%20da%20Biodiversidade.pdf
http://www.mail-archive.com/dtoambiental@pegasus.com.br/msg01393.html
3 Comentários:
" O valor da biodiversidade não reside apenas na beleza de uma paisagem ou na manutenção de espécies em vias de extinção, mas no facto da nossa sobrevivência".
Sempre que as dificuldades nos tocam pessoalmente, a consciência muda e reagimos, esperemos é que não seja tarde demais. O ideal seria que o Homem não necessitasse de tomar medidas de prevenção, mas já os resultados da degradação da biodiversidade se sentem, o melhor é agir rapidamente e com bases sólidas e ponderadas.
excelente síntese que nos dá três termos da equação para a melhor gestão da biodiversidade, o valor de uso, o valor de substituição e o valor de contingência. Completar o cálculo desta equação pode no entanto assumir tais valores monetários que o nosso nível de conformismo e a eventual alteração radical do nosso modelo de conforto nos impedem de aceitar.joão martins
Gostei da forma organizada da informação. Completa as ideias que até agora estivemos a debater de forma simples e eficiente.
Felicidade
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial