sábado, 8 de novembro de 2008

Ameaças a Biodiversidade

MCAP
22006 Biodiversidade, Geodiversidade e Conservação 2008/10

Actividade 3: REFLEXÃO SOBRE AMEAÇAS À BIODIVERSIDADE

1.º- As extinções são naturais, mas não às taxas actuais

As extinções significam perdas irreversíveis em linhagens evolutivas. Há 3 tipos de extinções:

  • Extinções naturais (de fundo): à medida que o ambiente muda, algumas espécies desaparecem e outras tomam o seu lugar.

  • Extinções em massa: morte de um grande número de espécies como resultado de catástrofes naturais.

  • Extinções antropogénicas: causadas por humanos. Similares às extinções em massa no número de taxa afectados, nas dimensões globais e na natureza catastrófica dos eventos. Causas sob o nosso controlo.

2.º - Taxas de extinções nas ilhas e nos continentes

Da análise dos gráficos verifica-se que:

  • Nas ilhas é onde ocorre a maior taxa de extinções
  • O número de endemismos é elevado nas Ilhas.

3- Quais são as razões da diminuição da biodiversidade?


  1. Raridade

Convém salientar que:

  • Nem todas as espécies raras estão em risco;
  • Nem todas as espécies comuns estão seguras.
  • Espécie vulnerável = 10% de probabilidade de extinção em 100 anos;
  • Espécie em perigo = 20% de probabilidade de extinção em 20 anos ou em 10 gerações;
  • Espécie crítica = 50% de probabilidade de extinção em 5 anos ou em 2 gerações

Pequenas populações:

  • Extinções estocásticas são um risco que aumenta com a diminuição do tamanho de uma população.
  • A baixa variabilidade genética em pequenas populações pode aumentar a probabilidade de extinções: Efeito de fundador, inbreeding, drift genético…

Reduzida área de distribuição geográfica


2- Destruição do habitat natural




  • Destruição do habitat para propósitos urbanísticos, industriais, agrícolas, florestais;

  • Degradação pela poluição;

    A poluição é outra grave ameaça à biodiversidade do planeta. Na Suécia, a poluição e a acidez das águas impede a sobrevivência de peixes e plantas em quatro mil lagos do país.

  • Actividades humanas perturbadoras;

3- Redução e fragmentação do habitat


  • Áreas pequenas podem não sustentar populações viáveis de espécies grandes, especialmente de mamíferos.
  • Populações pequenas estão mais expostas a extinções estocásticas locais
  • A fragmentação aumenta o "efeito de margem" com maior incidência de parasitismo e predação.
  • Espécies em habitats fragmentados podem ser impedidas de migrar se as condições mudarem, como é o caso do aquecimento global

4- Sobre-exploração


A sociedade moderna - especialmente os países desenvolvidos - desperdiça grande quantidade de recursos naturais. A elevada produção e uso de papel, por exemplo, é uma ameaça constante às florestas.
A exploração excessiva de algumas espécies também pode causar a sua completa extinção, por exemplo a caça ao rinoceronte por causa do uso medicinal dos seus chifres em Sumatra e em Java, foi até o limiar da extinção deste animal.


5-Introdução de espécies exóticas


A introdução de predadores, competidores e parasitas traduz-se frequentemente na diminuição da qualidade do ambiente:

  • Introduções acidentais ou intencionais
  • Ilhas são mais vulneráveis do que continentes
  • Sistemas aquáticos são muito vulneráveis


    A introdução de espécies animais e vegetais em diferentes ecossistemas também pode ser prejudicial, pois coloca em risco a biodiversidade de toda uma área, região ou país. Um caso bem conhecido é o da importação de um sapo c pelo governo da Austrália, com objectivo de controlar uma peste nas plantações de cana-de-açúcar no nordeste do país. O animal revelou-se um predador voraz dos répteis e anfíbios da região, tornando-se um problema a mais para os produtores, e não uma solução.

6- Outras ameaças à biodiversidade

  • Aumento global das temperaturas
    Um estudo publicado em 2004, na Nature, sobre os possíveis impactes de um cenário de alterações climáticas moderadas em 1103 espécies de mamíferos, aves, anfíbios, répteis, borboletas e outros invertebrados, em 6 zonas ricas em termos de biodiversidade, mostrou que 15 a 37% das espécies poderão extinguir-se até 2050. Segundo um dos co-autores (Lee Hannah), o "estudo mostra que as alterações climáticas são a maior ameaça à biodiversidade".
  • Organismos geneticamente modificados

Em síntese:


A poluição, o uso excessivo dos recursos naturais, a expansão da fronteira agrícola em detrimento dos habitats naturais, a expansão urbana e industrial, a introdução de espécies exóticas e o aumento na dispersão de doenças está levando muitas espécies vegetais e animais à extinção.




Sites onde vale a pena navegar para obter mais informações sobre as ameaças a biodiversidade:

http://pt.mongabay.com/news/2008/0919-080322-extinction.html


http://www.oreades.org.br/admin/download/apresent_bio.pdf

http://www.terramater.pt/?pag=117

Curiosidades


Dia Internacional da Biodiversidade - 22 de Maio

Em 2007 as comemorações internacionais do Dia Mundial da Biodiversidade tiveram por tema "A biodiversidade e as alterações climáticas".


Em 2010 comemorar-se-á o Ano Internacional da Biodiversidade

Até breve !

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sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Biodiversidade com ou sem valor?

O(s) Valor(es) da biodiversidade de acordo com os autores Young e Barbier:

Valor de Uso

Valor de Não-Uso

Directo

Indirecto

de Opção

de Existência

Significado

Os Bens e os serviços ambientais são usados directamente da exploração do recurso e consumidos hoje.

Bens e serviços ambientais que são gerados a partir de funções realizadas pelos ecossistemas e que podem ser apropriados e utilizados indirectamente hoje.

Bens e serviços ambientais de usos directos e indirectos a serem apropriados e consumidos no futuro. Estes usos podem ser desconhecidos na actualidade.

Valor não associado ao uso actual ou futuro e que reflecte questões morais, culturais, éticas ou altruísticas

Exemplos

madeiras, fibras, caça, alimentos e nutrientes, medicamentos, recursos genéticos, turismo.

controlo de pragas agrícolas por predadores e parasitas naturais, decomposição e reciclagem da matéria orgânica e a consequente manutenção da fertilidade do solo pelos seres vivos, purificação natural do ar e da água, protecção contra a erosão dos solos, inundações e tempestades.

preservação de valores de uso directo e indirecto.

plantas e animais como objectos de valor intrínseco, como uma doação, um presente para os outros, uma responsabilidade.

A inventariação da totalidade dos bens e serviços provenientes da diversidade biológica em categorias de valor económico permite que, ao analisarmos duas alternativas de uso para o mesmo espaço, estejamos a ter em consideração todos os proveitos daí resultantes. No entanto, a quantificação dos valores de não uso dificultam a avaliação. Numa tentativa de ultrapassar esta dificuldade vários métodos têm sido enunciados para estimar os valores de não uso e de uso. Um deles é o do valor de substituição. Por exemplo, sabendo que os pinhais da zona litoral centro de Portugal asseguram a fixação das areias e protegem dos ventos salgados, este método propõe que o valor a encontrar seja dado pelo que teríamos de despender na construção de uma estrutura que oferecesse os mesmos benefícios.

Outro dos métodos utilizados consiste em questionar o público sobre o valor que estaria disposto a pagar por um determinado recurso - método do valor de contingência. Quando o actual Primeiro ministro, José Sócrates, era Ministro do Ambiente, estabeleceu que ao preço de cada carro novo fosse adicionado o valor de 1 euro por pneu, com o objectivo de incentivar a reciclagem de pneus e assim diminuir o uso da borracha. Outro caso concreto da aplicação destas metodologias permitiu avaliar que a manutenção da floresta tropical de Korup, nos Camarões, era económica e ecologicamente mais vantajosa que a sua transformação em explorações agrícolas.
A avaliação e a conservação da natureza, especialmente nas regiões menos desenvolvidas, enfrentam ainda o problema das disparidades entre custos e benefícios. Assim, ao pedirmos a um proprietário para conservar um dado habitat, mantendo um determinado uso do solo, em detrimento de outro economicamente mais rentável, estamos a pedir-lhe para arcar com os custos da conservação, enquanto nós, sociedade em geral, receberemos os benefícios.

Uma tentativa de contrariar esta disparidade tem vindo a ser feita na Europa Comunitária, através das medidas agro-ambientais. Considerada como importante para o desenvolvimento rural e para a fixação das populações, a agricultura tem beneficiado de apoios sempre que as suas práticas sejam ecologicamente benéficas para a conservação de um ecossistema. Exemplo disso é o Plano Zonal de Castro Verde, onde, com o objectivo de preservar a avifauna da região, os agricultores recebem importantes incentivos financeiros em troca da manutenção de um sistema cerealífero extensivo, longos pousios e com o recurso a quantidades mínimas de agro-químicos.

Actualmente, o valor da biodiversidade não reside apenas na beleza de uma paisagem ou na manutenção de espécies em vias de extinção, mas no facto da nossa sobrevivência neste planeta depender da sua conservação. Este deve ser um objectivo a alcançar pela sociedade e não simplesmente a quimera de alguns sonhadores.


Interessante!?:

http://www.angra.uac.pt/GEVA/WEBGEVA/REDENATURA2000/ppts/taxa%20de%20C%C3%A2mbio%20da%20Biodiversidade.pdf

http://www.mail-archive.com/dtoambiental@pegasus.com.br/msg01393.html

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

O átomo, a molécula, a célula, o organismo, a sociedade encaixam-se uns nos outros como um jogo de bonecas russas. A maior destas bonecas tem as dimensões do planeta.

Joel de Rosnay

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terça-feira, 14 de outubro de 2008

Biodiversidade

A grande diversidade de vida tem um valor inestimável.
Certamente que um ecossistema rico em diversidade ganha maior resistência e será capaz de se recompor mais rapidamente de uma catastrófe natural ou da deterioração do habitat devido a causas antropogénicas.
Possivelmente o maior valor da variedade de vida pode ser as oportunidades que ela nos dá para a adaptação às mudanças.
No mundo vivo uma fonte primária de variabilidade é a ocorrência de mutações genéticas e cromossómicas, que desencadeiam muitas vezes o aparecimento de fenótipos anormais. Assim quando ocorre uma alteração no meio em que o ser vivo habita, haverá sempre uma grande probabilidade de continuação da vida . Alguns seres terão a capacidade de resistir e de se adaptar as novas condições ambientais.
Como diz um ditado português: "há males que vêem por bem" ou "Deus escreve certo por linha tortas".
Proteger a biodiversidade é aumentar a esperança de vida no nosso planeta. Mais que conservar a natureza há que valorizar a diversidade e respeitar as diferenças. Manipular o material genético a fim de produzir os seres perfeitos, para mim é algo muitíssimo arriscado! Pode resolver alguns dos problemas actuais, mas quem garante que esses seres continuarão a ser perfeitos num futuro não tão próximo de nós?

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Os paraísos artificiais

Na minha terra, não há terra, há ruas;
mesmo as colinas são de prédios altos
com renda muito mais alta.

Na minha terra, não há árvores nem flores.
As flores, tão escassas, dos jardins mudam ao mês,
e a Câmara tem máquinas especialíssimas
para desenraizar as árvores.

O cântico das aves - não há cântico,
mas só canários de 3.º andar e papagaios de 5.º
E a música do vento é frio nos pardieiros.

Na minha terra, porém, não há pardieiros
que são todos da pérsia ou na China,
ou em paises inefáveis.

Na minha terra não é inefável.
A vida na minha terra é inefável.
Inefável é o que não pode ser dito.


Poema de Jorge Sena, Pedra Filosofal ( 1950)

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